domingo, 27 de julho de 2008

Arterioesclerose e Hipercolesterolemia

Com o aumento do colesterol e LDL sanguíneos começa a haver aumento da endocitose, ainda condicionada pêlos receptores específicos fisiológicos. Com maior hipercolesterolemia, ou persistência das taxas de colesterol e LDA plasmáticas aumentadas, entram em atividade os receptores inespecíficos e aumenta muito a endocitose. Ambas as situações levam ao aumento da concentração das LDL nativas no interior da célula endotelial, maior consumo de NO e maior produção de radicais livres.

Presume-se também que o excesso de radicais livres provocaria a peroxidação dos ácidos graxos das partículas de LDL e a oxidação das proteínas apo B. Por mecanismos diversos, as LDL oxidadas conturbariam a função de receptores endoteliais prejudicando as respostas vasomotoras endotélio-dependentes, facilitando a instalação de distúrbios vasoespásticos e trombose.
Além do mais, a disfunção endotelial permite o maior fluxo da LDL nativa e oxidada para a região subendotelial através do aumento do transporte transcitótico.

Quando a quantidade de LDL é maior, e/ou ele é mais retido no subíntima, os monócitos são ativados, as células endoteliais produzem ativadores dos monócitos, que acabam sendo convertidos em macrófagos, células com grande capacidade oxidativa. Agora a oxidação ultrapassa as frações e alcança a fração proteica (apo B) transformando a LDL "nativa" numa LDL altamente oxidada (LDL-OX), que não é reconhecida pêlos seus receptores usuais, mas reconhecida pêlos receptores acetilados (receptores oxidados de LDL). Este receptor "removedor" não é regulado pelo seu conteúdo celular em colesterol, donde ele ficar cheio de colesterol, formando uma célula macrofágica "gorda", "espumosa". São as células "espumosas" o substrato da estria gordurosa, lesão considerada a fase inicial do ateroma. Mesmo quando unicamente oxidadas, as LDL induzem as células endoteliais a produzirem:

* ativadores de monócitos (MCP = l)
* quimiotáxicos para monócitos (MCP = l)
* fator estimulador das colónias de monócitos (M. CSF)
* fator de diferenciação de monócitos (GRO = KC)

As LDL-OX estimulam a: 1) secreção pêlos mastócitos de interleucina (IL-1) que é fator de crescimento para as células musculares lisas; 2) a quimiotaxia dos monócitos e lin-fócitos; 3) a inibição do relaxamento-dependente-do-endotélio; 4) a inibição da migração de células endoteliais; 5) a redução da reparação das placas ulceradas em lesões ate-roescleróticas avançadas; 6) a expressão da molécula de adesão das células vasculares (VCAM-1) e da molécula de adesão intracelular (ICAM-1) nas células endoteliais etc.

As LDL-OX são tóxicas para os macrófagos e despertam reações imunológicas, donde incrementarem a inflamação e a necrose subsequentes a todos estes fenômenos disóricos. Além do mais, os LDL-OX produzem produtos tóxicos para as células endoteliais e alteram a estrutura do endotélio, com o que estimulam a liberação de fatores teciduais


de coagulação e iniciam o processo de rutura das placas ateromatosas e a trombose vascular.

Até há pouco tempo, todas as evidências do papel da peroxidação dos lipídios na aterogênese eram experimentais e/ou indiretas. Salonen et al acreditam ter encontrado uma comprovante dessa hipótese na aterogênese humana ao dosarem um dos tóxicos produtos resultante da oxidação do colesterol, em pacientes com aterosclerose carótida de rápida evolução. Nestes pacientes, um destes produtos (7b-hidro-xicolesterol) estava estatisticamente elevado.

Teoria da apoptose - Apoptose é um mecanismo não inflamatório, espontâneo, de eliminação de células. A célula tem sua membrana conservada, o citoplasma é contraído, o DNA é fragmentado e condensado, e formam-se corpos apop-tóticos. O processo é rápido e pode estar completo dentro de 34 minutos (Bessis, 1958). Recentemente foram descobertas famílias de genes reguladores da apoptose, o que levou à hipótese de que as proporções estequiométricas das proteínas aceleradoras e inibidoras da apoptose funcionam como um reostato molecular que controla a sobrevivência da célula (Oitvai, 1994). A regulação desses genes (substâncias químicas, remoção de fatores descritos, estresse mecânico) provavelmente é a determinante do destino da célula (Thompson CB).

Foram encontrados miócitos vasculares apoptóicos mortos no material de aterectomia-endarterectomia e neo-íntima pós-injúria física (Isner, 1995). As investigações de Periman (1997) mostraram que os miócitos sofrem morte por apoptose após a lesão física da carótida de ratos. Parece possível que a apoptose celular intervenha na formação da aterosclerose natural tal como intervém na reestenose pós-lesão parietal vasal.

Teoria da matriz extracelular - Na reparação da lesão arterial há acúmulo de diferentes componentes da substância amorfa extracelular que tem estrutura e origem variadas. A lesão da artéria coronária provoca a diferenciação de fibroblastos adventiciais ativados em miofibroblastos, que contribuem para a formação da neo-íntima e a remodelação da artéria. Eles expressam o procolágeno tipo I, e, em parte, vão para a íntima, onde continuam a fabricar procolágeno. O acúmulo do procolágeno I é nítido na adventícia e neo-íntima, enquanto a elástica se acumula mais na neo-íntima. Estes fatos suportam a ideia de que os fibroblastos adventiciais contribuem para a reparação e remodelagem da coronária após lesão luminal (Yi Shi, 1997).

A teoria da filtração é largamente calcada na verificação da entrada de lipídios plasmáticos em todos os tecidos, inclusive na parede dos vasos sanguíneos. Foi visto haver um fluxo constante de lipídios e proteínas através do endotélio-vascular "in vivo", tal como no cadáver (Evans et al, 1953) e nos animais experimentais (Wilens, 1951), sendo o fluxo transendotelial maior nos microvasos do que nos grandes vasos. Na teoria da filtração, a anormalidade dos lipídios plasmáticos é menos importante que os distúrbios que provocam o acúmulo de lipídios do filtrado plasmático na artéria, no decurso do transporte intraparietal.

Fonte:

http://radicaisbiobio.blogspot.com/2008/06/radicais-livres-heris-ou-viles.html